Uma grande estrutura metálica formada por duas torres, nas cores vermelho e branco, chamou a atenção dos moradores da Grande Vitória. Trata-se do maior guindaste flutuante das Américas, construído exclusivamente para o Estaleiro Jurong Aracruz (EJA). Trazido do Japão, ele chegou a Vitória neste domingo (06). A estrutura vai operar na fabricação da primeira sonda a ser utilizada na exploração do pré-sal no Estado.
O guindaste de grandes dimensões, com 110 metros de comprimento e 46 de largura, pode ser visto de vários pontos da cidade, como da Terceira Ponte, da Ilha do Boi, da Ilha do Frade e também da Praia de Camburi. Para se ter uma ideia da grandiosidade da estrutura, a capacidade de içamento é de 3.600 toneladas a uma altura de 140 metros. É o mesmo que levantar 3.600 carros até o último andar de um prédio com cerca de 40 andares, por exemplo.
Imagens do guindaste na Praia de Camburi – Crédito: Edson Chagas
As proporções do guindaste do Estaleiro Jurong Aracruz impressionou o compositor e ator Raul Assis, 23 anos. De Divinópolis, em Minas Gerais, o artista, que está de passagem pelo Estado disse, em tom de brincadeira, nunca ter visto nada igual. “Quando você olha a imensidão do mar, o infinito, você vê dois monstros saindo do mar, o impacto que causa é muito grande. Ele fica bem notável para quem está passando, não deve ter uma pessoa que não se questiona o que é”, apontou.
Quem também ficou impressionado foi o artista plástico Vinícius Castro, 21 anos. “Eu olhei e fiquei tentando entender o que era, não consegui associar porque é muito grande. A gente só sabe que deve ser para fazer algo de grande impacto”, afirmou.
O carpinteiro Cláudio Gomes Pereira, 53 anos, também ficou curioso e quase acertou ao arriscar do que se tratava a estrutura gigante. “Achei que era uma plataforma para extrair petróleo”, contou.
A diretora institucional do EJA, Luciana Sandri, explicou que a estrutura demorou cerca de dois anos para ficar pronta. Apesar de fazer parte dos projetos do Estaleiro Jurong Aracruz, o guindaste também poderá ser utilizado para prestar serviços para outras empresas do país, já que não há nenhuma outra estrutura parecida.
“É um equipamento de ponta, bastante importante para a indústria naval brasileira. Podemos dizer que é um equipamento importantíssimo no Brasil hoje, é único”, apontou.
O Estaleiro Jurong possui outro guindaste igual a este em Singapura, no Sudeste Asiático, que já opera há dois anos. Luciana Sandri explica o diferencial da estrutura. “O guindaste iça os módulos que ficam em terra, construídos. Ele faz o içamento desses módulos e coloca a bordo do casco que está atracado no cais. Como é um equipamento gigante, tem um raio de alcance bem grande, ou seja, ele fica na água e faz o içamento em terra. Esse é o diferencial dele”, afirmou.
A estrutura demorou cerca de oito semanas para chegar ao Brasil, e foi descarregado no Rio de Janeiro. O itinerário contou com pontos como Oceano Índico, Cabo da Boa Esperança, na África e Oceano Atlântico. Ele veio a bordo de um navio do tipo heavy lift, único no mundo capaz de transportar cargas extremamente pesadas, como plataformas e guindastes gigantes.
Por ser um navio que afunda em até 20 metros e necessita de águas abrigadas para descarregar o equipamento, foi necessário parar na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, já que a Baía de Vitória não possui essa profundidade e conta com mar aberto. Para o Espírito Santo, ele veio rebocado.
A previsão é de que o guindaste do EJA fique na Ilha da Galheta até esta segunda-feira (07), enquanto aguarda a nacionalização por parte da Receita Federal. Depois ele segue ao Rio de Janeiro, onde vai ficar abrigado enquanto são finalizados outros processos de registro do equipamento.
Ele ainda ganhará a bandeira do Brasil e retorna ao Estado em agosto, quando deve começar a operar o cais do Estaleiro Jurong Aracruz. Há ainda vagas abertas no Estaleiro para recrutar tripulantes para o guindaste. Interessados podem acessar o site da Jurong, e se cadastrar.
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